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FAMÍLIA AGRIZZI E O INÍCIO
A a mais de 3 décadas a família Agrizzi confecciona berrantes para todo o Brasil, em 1972 com Benedito Agrizzi iniciou a fabricação no distrito de Jaciguá, na cidade de Vargem Alta – ES.
Benedito era de descendência Italiana, neto Pietro Agrizzi com Luidia Marim ( imigrantes da Itália ) e filho de José Agrizzi com Algusta Altoe os mesmos vieram para trabalhar com lavouras e plantio em terras que o governo ofertava na época e alí mesmo viveu sua infância e vida.
Em certa viagem a passeio para o Pantanal Mato Grossense, Benedito Agrizzi observava ponteiros de boiada tocando o instrumento de chifre levando o gado para outras fazendas e logo ficou apaixonado, se interessou em tentar a fabricação. Chegou de viagem e tentou iniciar a fabricação, o que era muito difícil por não ter noção de simplesmente nada, máquinas e o principal, que era a matéria prima.Depois de poucos anos e algumas fabricações, Benedito levou seu berrante de fabricação própria a uma apresentação do Sérgio Reis que acabou convidando o S.R. Benedito até o palco onde não conseguiu tocar, pois o berrante não saia som, tinham vazamentos e falhas grotescas que não saia o toque algum. Mas Sérgio Reis, com todo seu carisma e respeito disse para ele continuar tentando e que ele iria conseguir fabricar o berrante.
E assim com muita luta e perseverança conseguiu reproduzir os berrantes de qualidade, investindo em máquinas, couros e fivelas de qualidade. Benedito teve 7 filhos, Jairo e Geraldo Agrizzi prosseguiram com a fabricação.
Geraldo Agrizzi, Proprietário da marca Agrizzi antes de começar a fabricação trabalhava como motorista e tinha 4 filhos morando em Aracruz – ES com sua esposa Maria Lucia que sustentava parte da renda da família fazendo alimentos caseiros, costuras e bicos.
Passando por dificuldade financeira no início da década de 90, Geraldo Agrizzi resolveu mudar de vida e foi em 1996 que foi até a fabrica de seu pai em Vargem Alta - ES e pediu para que o pai lhe ajudasse, assim Benedito passou o básico para Geraldo que com 3 dias conseguiu montar um pequeno berrante. Geraldo voltou para a sua cidade com a garra de seguir o caminho do pai que faleceu em 2010, aos 88 anos. Em 1998 Geraldo fundou a marca Agrizzi ES, e se mudou para Venda Nova do Imigrante - ES onde vive até hoje com sua esposa Maria Lucia.
Geraldo Agrizzi conseguiu aperfeiçoar ainda mais os berrantes, deixando mais leves e macios de tocar. Teve apoio da cidade onde a população e amigos da região que se apaixonaram pela história e tradição.
A FABRICAÇÃO -
A fabricação é baseada em montagem, seleção da matéria prima e mão de obra.
Para uma acabamento de brilho e polimento pode demorar até um dia este processo
Basicamente cada berrante tem um tempo de 3 a 4 dias para ser confeccionado, são prazos para colagem, bocal em torneamento e o processo de corte dos couros onde tudo é feito manualmente sem máquinas especializadas, onde o produto é todo característico de Artesanato.
Para chegar à perfeição, a produção começa com a escolha do chifre correto. Isso significa que ele deve ter uma determinada curvatura e não ser muito fino.
Os anéis de chifre são usadas para reforçar as emendas. A ponta do chifre, chamada de bocal, é moldada em torno da ponta do chifre. Se essa ponta for mal feita, o som sairá ruim.
DIFICULDADES
A maior dificuldade é encontrar a matéria prima ( chifres de gado ), que cada vez mais fica mais escasso com os sendo mochos.
Ainda que maioria dos chifres são quebrados no interior, o que é normal no meio de uma montagem termos que descartar o berrante inteiro porque tem um chifre lascado. Os outros que não dão encaixe de berrantes acabam virando copos, guampas, cantis e outros artesanatos.
VALORES DOS BERRANTES
Cada berrante tem a sua personalidade em si, quando se vai adquirir um berrante procure um que se identifique.
Todo berrante tem suas diferenças em som, tamanho, combinação de curvatura, cores e entre outras.
Os berrantes são avaliados nos seguintes fatores.
Cor, quantidade de emendas, tamanho, peso e o principal SOM.
Berrante da cor branco é classificado como um berrante RARO, onde a dificuldade de encontrar os chifres está cada vez mais alta.
A quantidade de emendas interfere também no valor final do produto.
EXEMPLO:
Um berrante com um metro com 4 emendas e um outro também de um metro só que com apenas duas emendas se identifica qual é o mais raro.
O berrante faz parte da cultura brasileira. Usado para conduzir o rebanho no posto durante o pastoreio, esse instrumento representa o folclore e uma parte da memória sertaneja. Hoje vamos mostrar para vocês um pouco da história do berrante e sua importância para o País.
O TROPEIRISMO E O BERRANTE
Para compreender a história do berrante, vamos começar falando do tropeirismo. Os tropeiros eram comerciantes na época no Brasil Colônia (1500-1822) que transitavam nas regiões hoje conhecidas como Mato Grosso, São Paulo, Mato Grosso do Sul, Goiás, Paraná e Minas Gerais.
O trabalho deles consiste no comércio de animais, principalmente, mulas e cavalos. Os caminhos que eles tinham que passar eram feitos de matas fechadas e outros obstáculos naturais que dificultavam a caminhada. O berrante servia como facilitador da organização dos animais. A música criada a partir dele também era uma forma de distração. Como nessa época, todos que não moravam no litoral eram chamados de sertanejos, o berrante ficou associado a essa cultura.
Nos dias de hoje, esse termo se refere ao interior do Nordeste, onde os moradores são conhecidos pela resistência e força. Em algumas regiões do Brasil, o berrante pode ser chamado de binga, guampo ou buzina.
OS PRIMEIROS BERRANTES
No início da produção dos berrantes, o instrumento era feito a partir do chifre do boi do pedreiro, uma antiga raça cujos chifres podiam chegar até a 1,50m de comprimento. Mais tarde surgiram os berrantes com anéis de prata.
CARACTERISTICAS
Se você não convive com a cultura sertaneja ou country, provavelmente, já viu um berrante em alguma viagem ou mesmo na televisão. Se o berranteiro tocar o instrumento corretamente, ele pode ser ouvido até a 3Km de distância quando se está no silêncio.
Curiosidades
O Berranteiro de verdade nunca carrega o berrante pendurado.
A quantidade de emendas não interfere na sonoridade do berrante.
De acordo com a temperatura e umidade o som do berrante pode ter pequenas alterações.
O chifre pode se tornar um fóssil, então um berrante vai durar muitos mil anos.
TIPOS DE TOQUE - Confira um glossário rápido dos principais toques do berrante.
Toque de saída ou solta
Usado para despertar as pessoas e preparar a boiada para o momento de partir para começar ou retomar uma longa viagem.
Toque de estradão
Som utilizado para animar a boiada já que o caminho era sempre comprido e difícil.
Toque repicado
Melodia que lembra a marcha de um soldado.
Toque rebatedouro
Esse som significa perigo. Quando o berranteiro precisa tocar isso quer dizer que algum cavalo, boi ou mula se perdeu ou há algo estranho na estrada.
Toque queima do alho
Hora da bóia! O som é o aviso da parada essencial para os horários de refeição.
Toque livre ou floreio
A melodia é feita para embalar os horários de lazer e celebração. Muitas vezes, esse toque também era usado para saudar amigos ou paquerar mulheres dos locais que passavam.
Berrante como tema de música
Muitas músicas brasileiras usam o berrante como tema ou personagem para embalar lindas melodias. A clássica “O menino da porteira”, de composição de Teddy Vieira e Luizinho, usa o berrante como pano de fundo para uma história emocionante. A canção é tão poderosa que já foi gravada por intérpretes de várias gerações, tais como Luizinho e Limeira, Tonico e Tinoco, Sérgio Reis, Tião Carreiro e Pardinho e Daniel. “Berrante de ouro”, “Berrante da Saudade” e “Berrante de Madalena” são outros exemplos excelentes e importantes para a história da música popular brasileira.
CENÁRIO ATUAL NA CULTURA BRASILEIRA
Hoje em dia, o berrante é essencial para a cultura sertaneja e country. O instrumento é tão representativo que a comemoração paulista da Festa do Peão de Barretos tem um concurso obrigatório de berrante em todas as edições.
No Brasil, podemos destacar o goiano José Bento Tavares Neto, conhecido como Zé Capeta, um dos berranteiros que busca manter a arte do instrumento viva há mais de 58 anos. Muitos podem se lembrar dele por causa da sua participação na novela Ana Raia e Zé Trovão, em 1990, na Rede Manchete. Depois disso, ainda trabalhou em alguns filmes e outras telenovelas.